10 de setembro de 2015

The sculpture of two adults fighting, backs to one another...yet the inner child in them both just wants to connect and love one another. Age has so many beautiful gifts, but one that I could live without is the pride and resentment we hold onto when we are in conflict with others.

8 de setembro de 2015

Não há palavras para descrever a prisão em que me encontro.
Quero sair!
Quero encontrar uma casa e sair daqui!
Não aguento este clima. Não é vida.
Se isto continuar  e não houver solução, mochila às costas e cá vou eu, viver do que a rua me der.

6 de setembro de 2015

E as noites passam despertas,
Mantêm acordado um sono que não vem por ter adormecido.
Trazem as descobertas do conhecimento fugido por não se querer apanhar.
Penso nas pessoas que não me ocupam espaço na mente; é a única coisa que posso fazer. É a única forma de as ter.
Desaparecem de repente sem dizer para onde vão, e qual a razão do seu truque de magia.
Mas quem diria que a dor da sua ausência marcaria presença?
Encontro-me a um canto sem dormir, num breu, clareado pelos pensamentos confusos.
São eles as luzes que acordam o meu sono e me deixam dormir.
Bom dia.

3 de setembro de 2015


Precisamos de ser cativados.
O que é estranho, pois "cativar" vem do latim "captivare" / "captivus", que significa "escravizar", "dominar".

Sentimos a necessidade de sermos escravos do coração, precisamos que ele tenha um dono.
E essa pessoa tem o controlo absoluto sobre nós.

Somos escravos daquilo que cativamos e cativamos aquela pessoa que nos parece ser a mais digna de tomar conta de nós. Não nos importamos de a servir, de sermos dominados por ela.
Fomos nós que a escolhemos.
E seremos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos.

23 de agosto de 2015

O que somos sem memória?
Alguém sem história.
Perdemos a identidade se não lembramos.
Lembras-te?

A vida passa por nós e nós esquecemo-nos dela.
De viver.

É triste saber que por ela passámos e que com ela não aprendemos.
Mas não sei: não me lembro de por ela ter passado e esqueci o que possa ter aprendido.
É então triste?
Não me recordo.

20 de agosto de 2015

Navego pela cidade velha num passo descontraído.
Tento, no meu andar sem destino, misturar-me com a gente que me acompanha.
Por mais que tente, todos sabem que sou estrangeiro. Sou traído pela minha altura avantajada quando comparada às crianças adultas que lá habitam. O meu cabelo dourado sobressai igualmente na macha de cabelos escuros dos bonecos morenos.
Ando pelas ruas, decrépitas, velhas. O piso é limpo e plano para minha surpresa. Não é a cidade das sete colinas nem a dos cigarros no chão. Não vejo lixo por mais que procure.
As casas de paredes gastas, têm quase todas uma varanda em ferro enferrujado que não inspira confiança. Ameaça cair a qualquer momento com ruído de ferro a dobrar a esquina.

Conseguiram tornar a velha cidade numa cidade viva com aquilo que na minha terra natal se vê como acto de vandalismo.
Nestas paredes, os riscos de rebeldia davam lugar a verdadeiras obras de arte que enchiam de cor aquela cidade em ponto pequeno.
Paisagens emolduravam uma parede, animais trepavam outra e rostos tomavam conta das restantes.

Nem tintas nem imaginação faltavam.
Ao passar numa ruela, parei para observar um senhor que acariciava um desenho com um pincel.
Enquanto desenhava uma figura Hindu, amarela e preta, o homem apresentava-se concentrado e calmo. Era perfeccionista.

Cansei-me de tirar fotografias às paredes. Eram muitas e a minha bateria e memória limitadas.

Porque não tornar os bairros sociais em obras de arte?
Ao mesmo tempo que se restaurava, dava-se nova vida aos bairros e, quem sabe, até se atraia o turismo local.

Deixemos de rabiscar a vida e passemos a desenha-la a cores.

11 de agosto de 2015

A família junta-se à mesa.
Apesar de ser dia de festa, nem todos estavam presentes.
Na noite, um vento fraco soprava as duas velas azuis que fracamente iluminavam a mesa, numa luta contínua por se manterem acesas.
Contavam-se piadas de humor negro, das quais toda a gente se ria com vontade, exclamando um "que horror" entre risos.
A tia, a de cabelos castanhos pelos ombros, lutava por inspirar frequentemente. Formava um som na garganta que provocava mais gargalhadas aos presentes do que a anedota que fora contada.
A avó, que por anos e anos acostumou a família aos raspanetes que dava ao marido pela colecção de nódoas na roupa que este fazia questão de obter de cada vez que comia uma bela refeição, entornou o molho das deliciosas amêijoas sobre si.
Toda a gente se riu.
O avô fazia a festa em silêncio: ria-se enquanto apontava o indicador para a mulher num ar de troça; balançava os braços no ar em festa; batia palmas. Há anos que esperava por este momento!
A avó rira-se igualmente. Sabia que a situação era irónica e tivera graça.
Eram boas as gargalhadas.
Somos felizes em família.
Atravessava calmamente a ponte estacionada, envolvido pelo ar calmo da calma cidade.

A cidade relaxava-me. Não havia o movimento repentino da capital. As pessoas passeavam e não corriam. As pessoas eram escassas e o nervoso inexistente. Não havia horários.

Habituado à vida de cidade viva, tomara a dianteira do grupo que me seguia sem me aperceber.
Trazia a cidade no corpo, respirava um ar campestre de cidade.

27 de julho de 2015

Falam de portas que se abrem, portas que se fecham... Mas sabes que mais? As portas são sempre as mesmas, tem-las todas à tua frente todos os dias: umas fechadas, umas entreabertas e outras escancaradas. Umas reservadas, umas tímidas e outras convidativas. Umas que precisam de chave ou de um jeitinho especial para abrir, umas que precisam de um empurrãozinho e outras em que nem é preciso tocar. Mas são sempre, sempre as mesmas. E estão lá a tempo inteiro. A ti cabe-te só escolher quais abres e quais fechas.

Terás percebido, então, que cada porta é uma pessoa e que cada porta, enquanto tal, te conduz a um corredor, a uma nova divisão. Mais cheia, mais vazia... não interessa. Acolhe-te num espaço muito próprio, abraça-te e dá-te tudo o que por lá se encontra. Conduz-te a caminhos e por eles te dá aquilo que vai, aos poucos, enchendo e preenchendo a tua vida. Dá-te o mundo, enquanto o quiseres receber.

Porque as portas - e todos os mundos que encerram - são sempre feitas do mesmo material, do mesmo tecido e da mesma fibra, ainda que nem sempre olhes para elas da mesma forma. Ainda que num dia uma te pareça albergar o teu porto de abrigo e no seguinte te pareça a tua Highway to Hell. Mas desilude-te: a porta não muda, muda apenas a forma como tu a vês. A forma como a queres ver.

Mas sabes outra coisa? Não é o que queres ver que interessa. Não é por quereres o mundo inteiro que o vais ter. Porque sabes...? Não nasceste para vencer todas as guerras ou todas as batalhas. Nem tu, nem eu, nem ninguém. E por vezes, o melhor a fazer é aceitar isso mesmo. É aceitar que o céu não vai ficar cor-de-rosa porque te fartaste de o ter azul. Porque não vai mudar, por muito que isso te custe. É compreender que não vale a pena remar contra uma maré mais forte que nós. É perceber que o universo gira à volta de muita coisa, excepto de nós. É assumir que, por muito fortes que nos achemos, precisamos sempre de alguém ao nosso lado, mais cedo ou mais tarde, e que convém tê-lo por perto para nos salvaguardar.

O mundo não é o que queremos. As pessoas não são como queremos e muito menos são quem nós somos. Porque isso era viveres contigo próprio e se é esse o teu ideal de mundo e de vida, então acreditamos em coisas muito diferentes. Tens todas as portas à tua frente, todas as que sempre tiveste. Umas fechadas, umas entreabertas e outras escancaradas. Conselho de amigo: no teu lugar, procurava saber quais delas detêm aquilo que faria do meu mundo um mundo perfeito. Procurava saber quais delas devo deixar escancaradas, quais delas devo abrir e quais delas devo destrancar. Ou então em quais delas não devo tocar, de todo. Mas acima de tudo, tentaria perceber, cuidadosamente, quais delas não devo estragar. Que fechaduras não devo partir.

É que se, por teimosia, preconceito ou puro egocentrismo, insistires em achar que o nosso céu azul é mesmo cor-de-rosa, ou amarelo, ou preto, e que tudo o mais à tua volta se processa e desenrola como tu queres, talvez venhas a fechar definitivamente portas onde jamais vais entrar; talvez venhas a bloquear passagens e caminhos que, por mais pragas que lhes rogasses, eram aqueles que te levariam mais longe e que mais te preencheriam. Já alguém dizia que há portas que vêm para ficar e outras que apenas vêm para nos dar uma lição.
Portanto, dá uma lição a ti mesmo antes que as portas ta dêem. Vence-te e declara-te vencido, antes que o tempo, o mundo e a vida te vençam a ti. Inclina-te e aceita que não sabes tudo; admite, ainda que no teu mais profundo silêncio e a ti mesmo, que estás errado de certa forma. Seja ela qual for.

Levanta-te e mostra-te disposto a aprender.
Nessa altura, quando tirares os olhos de ti mesmo, talvez vejas o mundo como ele é e percebas a perfeição de cada porta, por trás de todas as suas imperfeições. Pode ser que escutes o coração de cada uma delas, o bater desenfreado de cada um desses conquistadores de sonhos, ao invés de escutares a tua melodia silenciosa. Ouve-os com atenção e percebe como gostas de os ouvir. Fecha os olhos e encontra-te, que de seguida encontrarás o verdadeiro caminho a seguir.

23 de julho de 2015

Estacionaste o carro no meu lugar e saíste tremendo e chorando, entre soluços, talvez com receio do que estava para vir. Quando nos sentámos frente a frente no mesmo sofá onde tudo começara dois anos antes, ambos percebemos o rumo que os próximos trinta minutos levariam. Mas nem assim doeu menos.

Xeque-mate. As tuas últimas palavras caíram como pedras em mim. Pedras de um mundo nosso ruindo ruidosamente dentro do meu peito. Oiço-as ainda, entoadas pela tua voz insegura: "Quero-te e quero querer-te, mas preciso de mim sem ti". Cada palavra um murro, atingindo-me repetidamente no estômago. Uma, duas, três... Dez. Dez palavras. Dez murros na fragilidade que crescia em mim a cada segundo. Dez murros que me arrancaram o ar dos pulmões e que te arrancaram de mim. Lia nos teus olhos, para lá das lágrimas, que baloiçavas timidamente entre o querer e o não querer, e todavia foi a indecisão que ditou a tua última cartada no nosso jogo a dois.

Percebi quando te levantaste e te vi sair pela porta, hesitante, que estavas a sair para sempre da minha vida; que levavas nos bolsos, entre as chaves de casa e os trocos do nosso último café, uma parte de mim.

Nunca mais me sentei naquele sofá.

19 de julho de 2015

Não te estaria a dizer nada de novo se te dissesse que conheces os meus pontos fracos.
Aqueles que me fazem os joelhos vacilar enquanto o prazer percorre o meu corpo.
Jogas com isso a teu favor quando me queres calado ou pretendes gozar comigo.
Dá-te gozo ver-me ter prazer.

A minha capacidade de me manter inexpressivo tem que ser trabalhada.
Nesses momentos, enquanto a minha mente rodopia, a fala cala-se.


Dito uma ordem de paragem que surte um efeito de recomendação.
Ele gosta de me desafiar a minha inabilidade para articular as palavras.

Quanto mais me desafia, mais sinto vontade de o abraçar. De o beijar. De o ter.
É-me difícil controlar e vontade não me falta.

A linguagem corporal e as suas acções são dúbias. Ora parece que sim, ora que não.
Não sei o que lhe vai na cabeça nem consigo ler os seus olhos penetrantes.
Mas sei o que sinto.

14 de julho de 2015

Quero fotografar cada recanto teu para mais tarde recordar. Saber o nome de cada rua e trata-las por tu.
Vou contar à próxima geração coisas que não lhes interessam.
Sei que o farei, não por eles, mas por mim, tal como a minha avó o faz.
Servir-me-á para recordar os tempos vividos, para voltar ao passado e nele ser feliz.
Fa-lo-ei para reforçar que tudo valeu a pena. E valeu!
Tudo o que vivi, valeu a pena. Teve uma razão e teve uma solução.
Hoje estou feliz. No futuro, contarei histórias.

11 de julho de 2015

«Sempre achei que o fim – o nosso fim – seria mais ou menos como atravessar uma nuvem a meio de uma viagem de avião.
Primeiro vem a turbulência; abana-nos no lugar e faz-nos tentar, inutilmente, agarrar a cadeira com mais força. Depois a agitação passa e não há mais nada. Só branco. Um branco que cega, um branco tão puro, que traz em si toda a luz do universo. E o silêncio – um silêncio quase óbvio, a condizer com a ausência de cor.
Mas não. Nem turbulência, nem branco, nem silêncio. Em vez disso, o nosso fim cheirou-me a Tejo e colou-se-me à pele. O nosso fim foi um passeio da Baixa ao Terreiro do Paço. Foi um fim cheio de multidão. Colorido como as festas de Lisboa e tão vivo, tão diferente, tão nosso.
Foi como se nos tivéssemos perdido um do outro no meio de um arraial, enquanto dançávamos. Sei que tu não danças e tu sabes que eu tenho vergonha de fazê-lo, mas foi mesmo assim que o senti – como uma dança interrompida no auge da festa.»

8 de julho de 2015

I must not fall. again
I will not crawl
I need to look away and avoid the light of day
Let me stay in the dark where I belong,
I was waiting for this for so long,
And now?
I must step back and hold my ground,
Cuz I was lost but now I'm found
Trying everyday to do my best,
To be a good friend and forget the rest.
It's to much for me, I don't feel free
I never do.
Fear of unknown is hiding the truth

7 de julho de 2015

"Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.


Ser feliz é encontrar força no perdão, esperanças nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros. É agradecer a Deus a cada minuto pelo milagre da vida.
Podemos vender nosso tempo, mas não podemos comprá-lo de volta.

O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis."






5 de julho de 2015

"Os braços baloiçam sobre o meu corpo petrificado.
A voz foge-me e deixa-me calado,
Deixa os meus olhos perdidos percorrem a sala,
Buscam o retorno temporário da minha fala,
O corpo tremido faz um esforço para se aguentar em pés cansados,
Os pensamentos arrastados voltam devagar,
A voz já está no lugar.
E o momento continua.
Numa calma aparente."

30 de junho de 2015

A areia enterrava-lhe os pés num calorento conforto enquanto em passos calculados percorria o areal. Tinha saudades daquilo. Não estava preocupado com o vento que se agitava.
Sentia-se livre e fresco como gaivota planando num oceano, estava em casa. 
A sua ligação com o mar ainda era considerada um mistério mas ele não o tentava resolver. Convencia-se que era coisa normal entre o povo português.
Inspirava fundo, tentando absorver todo aquele aroma já dele conhecido para mais tarde recordar.
Ao chegar, estendeu-se na toalha e aproveitou o que de falta sentia. O ar. O sol.
Aquele calor do final da tarde que não queima a pele mas que embala um sono superficial.
Sabe que a sua palidez não vence o mais fraco dos raios solares e por isso, com o nariz torcido, procurou na sua mochila o creme protector.
Nunca gostou dele. Sente-se pegajoso, sujo.
Mas hoje isso não importa. Até o cheiro que o remete à sensação odiada, é recebido com agrado.
Tem o mar ali.
Antes sequer de se despir, de se deitar e aproveitar o sol, cumprimenta o mar no silêncio dos seus pensamentos. Toca-o. O mar responde entre soluços frios, não muito, já sentira beijos mais gelados.

Se ele é feliz? Não, penso que não. Ele não acredita em felicidade mas sim em momentos felizes. Crê que a felicidade é a soma de pequenos momentos; sejam eles semanas ou apenas efémeros segundos. 
E por isso sorri. Sem razão ri-se; porque, como diz uma das passagens preferidas dele, "a felicidade pode ser encontrada mesmo nos momentos mais sombrios. Tudo que precisamos de fazer é lembrar-nos de acender a luz".
Ainda não conheceu nada mais luminoso que o sorriso.

Em momentos felizes, voláteis, o tempo ganha asas tal como os nossos sonhos.
É hora de voltar.
Evita tirar todos os pedaços de praia que estão agarrados aos seus pertences numa tentativa ridícula de manter-se em felicidade.


No caminho de regresso, relembram-lhe que não podemos ter orgulho naquilo que não podemos escolher. Ele não pôde escolher ser português e no entanto sente um enorme Orgulho nisso.
Enquanto olha pela janela, agradece novamente ao mar por tudo o que iluminou.

28 de junho de 2015

Não faças perguntas.
Não quero procurar respostas.
Se as sei, não as quero ouvir.
É sábado e vou directo a casa. Tomo um atalho já meu conhecido enquanto ando sobre os meus pensamentos. Desperto para a realidade ao ouvir risos de uma criança. Risos sinceros de quem não tem nada com que se preocupar. Gargalhadas de quem corre atrás de uma bola e não de um autocarro.
Estavam duas crianças dentro de um recinto de um parque infantil a rirem-se. Os seus pais corriam atrás deles, igualando a velocidade à dos mais pequenos, tentando apanhá-los. De vez em quando lá conseguiam travar as suas hipóteses de fuga por um reduzido espaço e aproveitam para desferir um golpe de cócegas ou fazer um ataque de beijinhos.
As crianças riam perante as investidas. Os pais sorriam vitoriosos com as risadas dos seus pequenos.
É sábado e uma família arranja tempo para rir.
Os mais velhos largam os seus afazeres, aproveitam o bom tempo e saem à rua para brincar. Atacando unicamente com carinho. Trazem alegria nos lábios e despreocupação nos bolsos.
Faço uma nota mental para dar aos meus o que nunca tive enquanto continuo a caminhar a rir-me como uma criança.

27 de junho de 2015

Sempre engoli as palavras a seco e a custo as acomodei no fundo da barriga.
Palavras que se vão entranhando aos poucos depois de se estranharem.
Palavras que vão sendo digeridas pelo tempo.
Evito regurgitar momentos que as palavras trazem.
Sem baldes de água fria, sem muita agitação, a digestão de palavras prossegue.
E continuo a engolir em seco palavras.

25 de junho de 2015

"Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém.
Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim...
E ter paciência para que a vida faça o resto." Shakespeare

Aguardo pacientemente.
Cá esperarei.
Pode ser que um dia seja poeta.

22 de junho de 2015

Estou sentado, torto e sem jeito a escrever. Não sei bem o quê, mas não me interessa. Deixo os meus dedos saltirarem pelo teclado livres.
Mal não farão, bem também duvido, mas enquanto saltam de um lado para o outro, fecho o olho e abro o ouvido. Tudo silencioso. Não se ouve nada além dos carros a correrem nas ruas e os meus dedos a saltarem nas letras. É de noite e os meus dedos não dormem. Os meus ouvidos continuam atentos. A quê? Não sei. Mas se não o estiverem corro o risco de perder algo.
Mas quem corre são os carros e quem saltita são os dedos. Eu só tenho os olhos fechados.
Sinto-me estúpido. Mas sinto-me bem. Escrevo sobre nada.
Dá-me uma noite e eu farei dela uma história para contar.

19 de junho de 2015

Sem vós, as palavras não existem.
Sem voz, as palavras calam-se.
Uma voz sem palavras, vale o mesmo que palavras sem vós. Nada.
Uma canção sem voz não existe, é preciso cantar palavras.
Sem vós, as palavras calam-se.
Sem voz, as palavras não existem.
Vós pondes palavras na voz e ponde-vos a vós nas palavras.
Palavras sem vós não valem nada.
Deixai um bocado de vós nas palavras e ganharão voz.
É preciso cantar palavras.

18 de junho de 2015

Caneta sem tinta não escreve palavras, arrasta-se pela folha.
Lápis roído interpreta dizeres desconfiado.
A primeira permaneceria se dela houvesse, contando uma história a quem a quisesse, ler.
Lápis na boca mordido mostrava um sinal escondido de descontracção.
De trabalho seria se fosse posto ao ouvido balanceando-se na orelha, olhando de esguelha a sua obra.
Lápis sem tinta não se arrasta, escreve. Pincela formas esquisitas a que poderão chamar letras quando afiado.
Quando ponta não há, rios de grafite nascem do carvão. Escrever não faz sentido se as palavras forem em vão e ninguém as conseguir ler. Ou mais sentido fazem se nos aprazem ao tentarem descodificar o nosso código.
Descodifica-me.

" "Não escrevo para agradar nem para desagradar. Escrevo para desassossegar"-me, porque por mais que pense em libertar-me dos pensamentos que me tomam a mente de assalto, através da defensiva da escrita, torno a fazer algo que me irrita: pensar. Algo que me limita impedindo-me de acabar o que estava a fazer.
Tal como sapatos apertados me impedem de andar."

17 de junho de 2015















Fumo-te sem filtro para que te possas infiltrar em mim
O teu perfume vicia-me os pulmões e mais puxo por ti;
aspiro-te num único trago, como se do último cigarro se tratasse.
Devias vir com um aviso para eu ignorar.
Preenches-me a mente e o meu pensar.
Vicias-me.
Como alcatrão que não me cria estradas, entopes as entradas dos meus pulmões roubando-me o ar.
Nicotinas-me a vontade de te fumar.
Vicias-me e eu fumo-te sem filtro.

15 de junho de 2015

Liga o brilho da televisão falante que traz a luz sonante das notícias.
Conversa com o empoeirado sofá que foi bem tratado quando era jovem e as suas pernas de madeira não rangiam.
Não se senta lá ninguém. Ou porque o sofá é velho ou porque velho é o rabo de quem lá se senta e não se consegue levantar. Ou porque as pernas ligadas ao velho rabo também velhas são e rangem ao andar.
Prefiro o tipo de ligação da televisão.
Os tapetes servem de cortinados ao taparem o fraco sol que não ilumina a casa.
A luz amarelada do candeeiro da mezinha de cabeceira tã pouco faz o seu dever. Outrora fe-lo.
Antes de acender escuridão. Fundiu.
Para ler connosco serve apenas como companhia e não como utilidade. Um candeeiro não lê às escuras. E eu também não. Afastar o tapete serve o meu propósito tão bem quanto o candeeiro.
Embora esteja calor, o varão das escadas abana-se com o vento. Não transpira. Suo eu quando subo as escadas para o sotão desabitado. Cada degrau é uma prova de sobrevivência, um desafio à vida. Ameaçam fazer-me uma rasteira de cada vez que lhes pouso os pés em cima. Já não estão habituados.
Continuam a refilar. O varão continua com calor e eu continuo a transpirar. Não me atrevo a segurar a vara, não vá ela largar-se e levar-me com ela. É uma falsa amiga. Temo que tenha nela um guarda-costas que me ataca pela frente.
Uma cama dorme entre as quarto paredes idosas que de lá nunca saíram. Não me dou ao trabalho de procurar uma almofada amarrotada entre o monte de lençois, mantas e outras almofadas com a fofura de tijolos partidos. Estou cansado e são horas de dormir.
O cuco ainda não saiu. Também ele já deve estar na cama.
Faço-lhe companhia.
"É uma coisa terrível, penso eu, esperares na vida até estares pronto. Eu tenho a sensação que, na verdade, nunca ninguém está pronto para fazer seja o que for. Não existe tal coisa como "estar pronto". Existe apenas o "agora". E mais vale faze-lo agora. Em geral,  o "agora" é tão adequado como qualquer outra altura."
"Trocaram-me os sapatos.
Sempre andei com eles, mas agora doem-me os pés.
A sola está gasta e contudo aparentam estar novos.
Tenho os pés calejados. Trago uns sapatos apertados.
São meus, não são os mesmos. Trocaram-me os sapatos.
Estou amarrado. Os atacadores prendem-me ao chão e não consigo avançar.
Estou amarrado, calejado e doem-me os pés.
Onde estão os meus sapatos?"

14 de junho de 2015

Muitas vezes falas contigo quando estás sozinho.
Mas acompanhado ou não, conversas-te.
Tens grandes debates e discussões que os outros não têm a possibilidade de ouvir.
Ganhas sempre. Perdes sempre.
Não expões os argumentos às paredes das ruas.
Elas têm ouvidos e julgam-te depressa.
São sábias numa experiência que não têm.
Palpitam e não têm coração. São paredes.
Queria-as como suporte, mas são apenas divisórias, muros que nos separam.
Não escutam.
São paredes.

13 de junho de 2015

"Quem ama à chuva constipa o coração. Não te demores a estacionar o coração em becos sem saída.
Quando sentires o frio roubar-te o calor da pele ou um calafrio a brincar na tua espinha, abriga-te.
Não te quero com uma constipação doente.
Não te aproximes da minha solidão se não for por amor.
Nada te vale engolir versos como se de beijos se tratassem."

"Caminhos de calçada nunca percorridos e becos esquecidos são enfeitados em dia de festa de Santo, onde aqueles que não o são saem em pecado nas ruas descalças de sentidos.
A sobriedade não adorna as ruas. Reparo na quantidade de pessoas que fazem questão de agarrar os postes para que eles não caiam. Pergunto-me se alguma vez desmaiam.
Vêem-se pessoas nuas,  escutam-se gracejos impróprios. Tem-se cuidado para não pisar o grego do chão enquanto o português continua de pé, não sei por quanto tempo.
Cheira a festa e a gente. Sou convidado a entrar por ruas cujo nome esqueci para me perder.
Encontro-me rodeado de pessoas estranhas que não mo são. Diferentes diria; estranho sou eu.
Continuo como um plebeu pelas ruas que a cidade faz questão de apresentar.
Percorro-as numa sobriedade bêbeda a cantar. Converso-me sem estar esdrúxulo.
É grave."

12 de junho de 2015

I don't even know you.
Walk with me tonight and I'll show you,
how much fun can we get, going around the city,
I bet you will find it pretty as much as I do.

Am I supposed to get to know you?
Without knowing who am I ?
Let's get out, let's have fun
let time passing us by
and when we're finish and done
I don't know who I'll become
I will still not know you
and will not know who is this person inside
I keep on asking my mind
But she doesn't give me any answer
She gives me questions instead,
Leaving me half alive half dead,
Without knowing what to do,
I try look for answers, look for tips,
The only thing I can remember is the touch of you lips
Which I never touched but I wished to.
Let's have some fun, just one street dance,
Tonight.



"O chão não é silencioso
e range quando eu, inerte, me espio.
As tábuas que jazem a meus pés
gemem despertando-me para a minha presença.
Mais uma vez não me conheço.
(O que há para além de tentar?
O sucesso? A morte?
E não é a morte o sucesso de viver?)
Tanto me espio como me perco de vista.
Vejam-me. Olhem para mim!
Vá, olhem e digam-me o que vêem.
O que é que eu sou, que não sei ver?

Soubesse eu conhecer-me em versos."

11 de junho de 2015

O cheiro da cidade cansada esconde-se no aroma da primavera;
Deambulam por aí, arrastados.
Quem lhes dera.
De olhos em baixo, pescoço descaído, pés pelo chão
Pensam no ontem ou então, num amanhã hipoteticamente melhor.
Não sabem; mas quem lhes dera.
Quem escreveu o seu destino era maneta ou tremia tanto que a caneta, dançava no papel enrugado.
Sobre linhas tortas se desenha a vida continuamente e na inexistência de réguas ou esquadros vivem-se momentos amargos nas ruas da nossa mente.
Perdemo-nos nelas. Sei que custa de lá sair, mas não sei se assim o queremos.
Tudo o que fazemos faz-nos embrenhar mais nessa floresta escura, entrar no labirinto que perdura, encontrar o lago da amargura. E é aí que choramos.
Encontramos a lagoa das nossas lágrimas interiores, dos nossos medos e terrores.
Aqueles que não contamos a ninguém. Sentamo-nos à margem e esticamos a cabeça na esperança de ver algo que nos faça sentir bem. Vejo uma imagem na água reflectida. Somos nós. Eu a olhar para mim. Pareço cansado. Estou cansado.
Uma gota escorre na minha face e faz o seu caminho até ao lago. Não é algo que me embarace.
Ao tocar a água, forma uma série de perfeitos círculos à sua volta. Até a tristeza tem a sua perfeição.
Tenho fome e não tenho nada para comer.
Dão nozes a quem dentadura tem que usar. Tudo lhes é dado e não o sabem, ou pior, não querem aproveitar.
São alérgicos talvez.
Mas quem lhes dera.
Sinto cheiro da cidade cansada escondido no aroma da primavera,
Lembro-me das pessoas de olhos baixos, pescoço descaído e os pés pelo chão.
Deambulam por aí, arrastados.
Quem lhes dera.

9 de junho de 2015

A força do olhar era fascinante. Não eram precisas palavras. 
O sorriso, aberto para a noite, falava por si.
Estavam bem. 
Estavam felizes e isso deixou-me genuinamente alegre!

 O ponto alto da noite foi poder presenciar a troca de emoções e sentimentos com pequenos toques ou longos olhares. 
Buscavam os olhos um do outro, procuravam o corpo do parceiro. 
Poesia.
Um dia serei poeta.

22 de maio de 2015

Já não seguiam a trote os cavalos. Desfilavam cansados entre a multidão desconhecida.
Na carroça certamente seguia algum Fidalgo...

Também eu sou filho-de-algo, seja ele amor ou acidente de percurso. A única diferença, mínima porém, é que eu não tenho um sonante nome de família. Não sou filho do rei dos três mares ou da rainha das cabeças.
Sou filho do corta-pescoços, o talhante da pequena e viva aldeia.

Era uma carroça simples.
Sem ouro, faixas coloridas ou brazões de família fazendo-se passar despercebida no meio das ruas populadas. Tenho a certeza de que quem já vira ou ouvira falar destas caixas puxadas por cavalos com bestas no seu interior, estava com atenção. Eu era uma dessas pessoas.

Não era pela novidade da carroça, que não seria muito comum, não naquelas terras, mas pelas singularidades que esta apresentava. Um Fidalgo, seja ele quem for, gosta de fazer-se apresentar, evocando uma educação rica e demonstrando uma pobre educação. O nome de família fica tudo menos despercebido. Quem será que estava no interior do caixote volante? O que escondia e, mais importante para mim, porque o faria?

18 de maio de 2015

Uma música, um som, uma dança, uma expressão facial, um toque, um riso.
Todos eles capazes de mexerem connosco.
De quebrarem uma hibernação de sentimentos e emoções que fluem pelos nossos olhos entre soluços descontrolados.

25 de abril de 2015

"Que as tuas mãos falem tanto quanto a tua língua.
Que com gestos me convenças do que não sei. Do que não sinto.
Que com gestos me mandes embora, deixando-me ficar para trás.
Com os mesmos gestos com que me confortas depois do frio.
Que os teus gritos falem tão alto quanto os teus olhos.
Que com berros me olhes de perto.
Que com berros me vejas ao longe e fiques, tu, para trás.
Entretanto, entre tantos, tu."

24 de abril de 2015

A noite cedo descera, acendendo os candeeiros da cidade.
Não trouxe com ela a humidade característica nem roubou o calor do dia. Escondeu apenas a luz.
Era uma cidade pequena. Agitada durante o dia porventura, encontrava-se calma.
Poucos eram aqueles que deambulavam pela rua.
As galinhas que pelos caminhos costumam correr, encontravam-se sossegadas em pequenas caixas de madeira colocadas a um canto. Os cavalos, presos por um gordo cordel, poderiam estar soltos que do seu sítio não sairiam.
Avançou em passos confiantes por entre as estreitas ruas atafolhadas de negócios de rua. Ninguém os recolhera. Aparentemente não existiam pilhantes a patrulhar a zona.
Debaixo de um telheiro, na protecção da luz lunar, dois gatos sonhavam.
Não se ouviam risos de crianças, conversas de adultos ou queixares de velhos.
Apenas o raro vento suspirava ao meu ouvido.

22 de abril de 2015

Terei de saber o que é viver sem ti.
Com o tempo, irei acostumar-me à ausência da tua voz e à folga do teu abraço.
Gostas de férias prolongadas? Diz que sim e tudo se tornará fácil. Quem não gosta de férias?
Espero que para o ano que vem nos tornemos a ver.

Estaremos juntos físicamente ou apenas ocuparei espaço na tua mente?
Não importa. Trocaremos palavras todos os dias. Não é suficiente?

Apraz-me a idiota possibilidade de ir viver contigo num país que não conheço, libertando-me do meu dia a dia para aí ganhar outro.

Se lo fai per amore non è sbagliato
Buonanotte a te! Fai sogni speciali come te!

21 de abril de 2015

Perché voglio lavorare con medici senza frontiere

Voglio curare la gente gratuitamente

Voglio andare nei paesi in cui la gente sta male a causa nostra

E rimediare agli errori dell'uomo bianco arrogante

20 de abril de 2015

Ouço-te atentamente falar na tua língua materna.
Tento aprender o máximo que consigo. Todos os dias estou mais próximo de ti.
Um dia hei-de a cantar tão suavemente quanto tu o fazes.

Não o faço por ti.
Tenho que encurtar esta distância que nos separa.

1 de abril de 2015

"Querida mãe,
Querido pai:
O tempo passa sobre as lágrimas que choro, já nem cicatrizes tenho do que um dia me feriu. E no entanto a memória. A cabra da memória.
Ninguém merece uma memória feliz. 
E eu fui. E nós fomos. Felizes. A casa cheia com a nossa alegria dentro. O quintal, o avô a contar mil e duas vezes as histórias que já tinha contado mil e uma vezes, a avó sempre preocupada em encher a mesa, os tios a dizerem que a vida custa. E custa, pai. E custa, mãe.
Ninguém merece uma casa vazia.
E os cheiros. Os cheiros não passam. Os cheiros são a melhor forma de se sofrer. Cheiro a cozinha onde um dia a vida. Onde um dia o sonho. Eu menino na cozinha cheia do avô, da avó e dos tios. Eu menino a sonhar com eu grande, grande como os tios – «um dia vou ser rico e comprar muitas coisas». Eu menino a querer crescer.
Ninguém merece um corpo que cresce.
E a perda. A puta da perda. A avó com um cancro dentro. O avô a ceder a cada dia que a sua Maria se ia. E os tios e as rugas. Todos a irem a cada dia em que eu crescia. E tudo morre quando nos morrem os sonhos.
Ninguém merece ficar para além dos sonhos.
E já não há avó e já não há avô. Há o cheiro da cozinha quente com os meus sonhos dentro. O cheiro do quarto onde me escondia, debaixo da cama, para ver os adultos falar. As palavras novas, palavras grandes, palavras feias. O abraço apertado do tio André – «estás a ficar um mocetão, rapaz» – nas minhas costas de criança. A casa vazia com o que sou dentro.
Ninguém merece sobreviver ao que mata.
E ter um pai e uma mãe. Só quando a casa se esvazia é que se sabe o que vale um pai, o que vale uma mãe. E não interessa o que foi, o que ficou por ser. Não interessam as palavras que um dia dissemos, os erros que um dia não evitámos cometer. Não interessa a voz grossa do pai – «tens de ser um homem a sério» – nem a dor muda da mãe. Não interessa o que se perdeu quando se tem um pai e uma mãe para apertar. Ainda estamos, mãe. Ainda estamos, pai.
Ninguém sabe o que é perder quando ainda tem uma mãe e um pai para abraçar.
E enquanto tiver os vossos ombros para pousar nenhuma lágrima morrerá solteira."

30 de março de 2015

Vamos correr? Correr o mais que possamos!
Vamos correr até o ar forçar a entrada nos nossos pulmões e impedir as palavras de saírem.
Vamos correr até ficarmos sem palavras, mudos a olhar um para o outro.
Vamos a correr a fugir dos nossos problemas, para um tempo depois a eles voltarmos. Vamos esquece-los. Por breves momentos é certo, mas não é melhor que nada?

Quanto mais os sufoco, quanto mais os enterro e os ignoro, mais importância eles ganham. Tornam-se num assunto não resolvido, numa bola de neve colina abaixo. Ganham cada vez mais peso. Ocupam cada vez mais espaço na minha cabeça. Preocupam-me cada vez mais.

Sim, devia esclarece-los, cuidar deles, resolve-los. Mas dá tanto trabalho... Não tenho vontade! Nenhuma. Não quero fazer nada! NADA!

Mas tem que ser. O tempo não pára, o relógio não espera e as coisas têm um prazo.
Não o posso ultrapassar se não quero arranjar chatices.

Vamos correr?

28 de março de 2015

"Perdes todo e qualquer refúgio. Caem as paredes e o tecto e ficas só, frente a frente com a tua sombra diminuída, entregue à arritmia ensurdecedora do teu coração. E sem paredes e tectos, dás por ti no centro de um tornado violento de silêncios somente teus. Silêncios que, apesar de silêncios, te gritam incessantemente aos ouvidos, impiedosos e desarmantes, abalando-te e subjugando-te como nenhuma outra voz consegue fazer. E então ficas nu nesse mesmo lugar que ocupas, nessa escura terra húmida que pisas e te envolve os pés agora descalços, desprovido das roupas que antes te acarinhavam a pele. É como se te arrancassem um tapete de debaixo dos pés de um puxão só. Ou talvez como se tirassem de debaixo de ti todo o teu chão, todo o apoio em que dia após dia te equilibras plenamente com a confiança cega de que estará para sempre lá, e é caíres desamparado num buraco sem fundo e avançares aos trambolhões por uma qualquer ravina imaginária. É congelares no tempo e constatares que, como sempre ouviste dizer, o mundo e as pessoas que conhecias não congelaram e não esperaram - nem esperam - por ti. É a vida em teu redor manter o ritmo frenético e tu ficares para trás; seres posto de lado como aquela comida de que não se gosta na borda do prato. É fazeres tudo e saber-te sempre a pouco. E é estares lúcido e são e estares ao mesmo tempo louco."

24 de março de 2015

Abraça-me.
Preciso de um abraço que me impeça de me afogar em lágrimas.
Olho-te intrigado.
És real? É uma pergunta estúpida. Sei que és. Mas mesmo assim pergunto-me se és real.
Com tantos sítios onde poderias estar, onde poderias ter nascido, porquê aqui? Porque é que a tua vida se cruza com a minha? Acredito que tudo tem um sentido e que há uma razão para estares aqui. Falta-me saber qual.
Se for para me fazeres rir, para me ensinares, para disparatarmos, tudo bem.
Estou contigo há tempo suficiente para saber o significado dos teus olhares, para decifrar as tuas expressões e para ler nas entrelinhas das tuas palavras. Isso satisfaz-me.
No entanto, se for para contornar os teus lábios com o meu olhar, desejar-te de uma prisão de onde não posso sair, não sei o que é melhor para mim nós.

11 de março de 2015

Percorro o teu corpo de olhos fechados.

As minhas mãos não precisam de mapa. Os meus dedos conhecem bem o caminho.
Já por ti viajaram muitas vezes até aos sítios inacessíveis. Caminhos que são só meus para eu percorrer.
Deslizam na tua pele suave. Preenches-me as mãos. Repousa a cabeça sobre o meu peito e ouve o meu coração. Bate descansado no teu ouvido.

O teu calor humano reconforta-me enquanto a minha humana mão acaricia a tua cabeça.

Dorme meu amor.

9 de março de 2015

Quanto mais força faço para te largar mais me sufocas.

Roubas-me o ar dos pulmões e a vontade de viver.

Não te consigo enfrentar, olhar-te nos olhos, ouvir falar de ti.

Desaparece.

8 de março de 2015

Quero dormir.
Quero adormecer sem memórias do dia para me sonhar em paz.
Descansar num sonho irreal para um verdadeiro acordar pela manhã.
Sonho-me correndo, fugindo de desconhecidos perigos do sonho.

A mente guarda num quarto clandestino as adversidades do dia.
Solta-as pela noite como cães de caça no mato.

Acordo suado. Escapei por pouco.
O meu coração bate acelerado e sinto-me a desfalecer.
Quero descansar, quero dormir.
Aguardo um sono descansado onde possa sonhar sem correr.

Levanto-me, lavo-me, e apanho o autocarro.
É um dia igual aos outros.

6 de março de 2015

"Volta
Fica só mais um segundo
Espera-te um abraço profundo
Nele damos voltas ao mundo
No amor mergulhamos a fundo
Quero-te só mais um momento
Para pintar o teu céu cinzento
Marcar o teu rosto no meu peito
Recrearmos um dia perfeito
Volta para bem dos meus medos
Preciso de ti nos meus dedos
De acordar-te sempre com segredos
Com um sorriso paravas o tempo!
Volta porque não aguento
Sem ti tudo ficou cinzento
Prefiro ter-te com todos os defeitos
Do que não te ter no meu peito
Porque sem ti não consigo
Volta para me dar sentido
Sou apenas um corpo perdido
Por isso só te peço que voltes

Volta"

25 de fevereiro de 2015



Numa fachada fiel o teu nome é escrito,

tomas o dito por não dito escondendo o sorriso.

Não passas daquela pequena aldeã que aguarda a chuva da manhã.

Tomas conta dos animais, tens poucos, são demais. Sabes o nome de cada um deles,

dás-lhes carinho e sensatez, são teus filhos talvez.

Vives sozinha isolada na aldeia, não visitas a cidade, não fazes ideia,

da confusão que é, quando se anda de carro e não a pé quando se quer atravessar

meia rua, essa em estrada, não os caminhos em terra batida encantada que tu conheces.

Perdes-te na horta, cumprimentando cada legume, vives no sol da tua pequena aldeia e não no negrume da cidade. Encontras-te na terra cultivada, nessa aldeia personalizada.

Vives sem ninguém, mas não estás sozinha, tens as tuas cabras e as tuas ovelhas, contas histórias velhas a ti mesma com uma emoção especial, televisão não existe, não queres saber daquele outro mundo.

Vives na tua aldeia encantada.

16 de fevereiro de 2015



The Path




The Path is not always clear,

It's not always easy.

There will be obstacles,

You will walk in the shadows as well as the light.

Achievement isn't gifted to you,

It's not something in your DNA.

You earn it through dedication and determination,

Through your own endurance and will to succeed.

Piece by piece, step by step,

No challenge is too great.

How far can you see?

How far can you go?

Stand up,

Step forward.

Seek out your ambition and pursue it without fear.

You are not alone,

You will meet others along the way,

Together you will not falter.

Look to your future,

Build upon your past,

From deepest river to mountain top,

You determine your Path.

9 de fevereiro de 2015

Fizeste porcaria, mais do que uma vez,
Ponho me a andar desta vez pus os pés,
No alcatrão, fiz-me ao caminho, vou pela estrada fora mas não estarei sozinho,
Encontrarei alguém, uma pessoa correcta que queira o nosso bem, que não seja só peta,
Dizem que correr por gosto não cansa
Mas nunca curti ouvir, choro de criança
Acabas com a caixa do gelado e com os lenços de papel
Corres atrás de mim como se o meu cu tivesse mel
Ando em frente e não olho para trás,
És a rapariga que já não me satisfaz
Amachucaste-me como folha de caderno rasurado,
Lançaste-me ao lixo, mas o cesto foi ao lado,
Adeus, talvez um dia nos voltemos a encontrar,
Quando fores alguém decente e souberes o teu lugar,
Chega de brincadeiras, o recreio acabou,
Quero alguém que tenha maneiras como dizia o meu avô
Hoje saio de casa, não fiques à minha espera,
Pois quem espera desespera e desesperada andas tu,
Fica por aí, joga um sudoku,
Estou a caminho, não me verás mais,
Nem na televisão, internet ou capas de jornais,
Fica bem bela adormecida, sonha com tudo o que se passou,
Vou encontrar alguém com maneiras, como dizia o meu avô.

3 de fevereiro de 2015

23 de janeiro de 2015

"Slide the brush on the palette
Bring life to the paper hanged up on the wooden board.
Black and white they are
greyish I see
all I wanna be
was painted.
Who's the artist?
Who's the painter?
I paid him with pain
This is not a game
Win or lose...no
I'm confuse
I am painted
Roll your dice
Or flee like mice
Slide your brush

I drew my crush"

13 de janeiro de 2015

"Para além da curva da estrada
Talvez haja um poço, e talvez um castelo,
E talvez apenas a continuação da estrada.
Não sei nem pergunto.
Enquanto vou na estrada antes da curva
Só olho para a estrada antes da curva,
Porque não posso ver senão a estrada antes da curva.
De nada me serviria estar olhando para outro lado
E para aquilo que não vejo.
Importemo-nos apenas com o lugar onde estamos.
Há beleza bastante em estar aqui e não noutra parte qualquer.
Se há alguém para além da curva da estrada,
Esses que se preocupem com o que há para além da curva da estrada.
Essa é que é a estrada para eles.
Se nós tivermos que chegar lá, quando lá chegarmos saberemos.
Por ora só sabemos que lá não estamos.
Aqui há só a estrada antes da curva, e antes da curva
Há a estrada sem curva nenhuma."



Escreve-te direito pelas linhas tortas da vida
Escreve-te a lápis d'alma para que borracha do pensamento apague,
A tinta com que te escreveste até então não era da fina.
O traço grosso com que foste escrevendo cada palavra borrou o texto final.
Escreve-te na vida sendo simples. Não gastes tinta.
Esborrata o carvão da alma na única folha de papel transparente que tens.
Aproveita cada linha que quer ser escrita.
A folha um dia termina e a borracha há-de acabar
Escreve-te o melhor que possas, sem erros.

11 de janeiro de 2015

"
| Metáfora |

Vês a maneira como a luz entra nas persianas,
e cospe na parede as sombras das vidas urbanas?
É metaforicamente o amor.
E literalmente o amor.
Ou achas que alguém deixa as persianas meio abertas,
senão para deixar o amor entrar?
Vês a maneira como não consegues agarrar o fumo,
porque é leve e livre de seguir sempre o seu rumo?
É metaforicamente o amor.
E literalmente o amor.
Ou achas que o amor se deixa prender,
senão pelas mãos de quem não escreve?
Vês a maneira como a lua sobe às cavalitas do céu,
tão longe e inatingível e impossível como tudo o que é meu?
É-me metaforicamente o amor.
E literalmente o amor.
Ou achas que o amor se criou,
senão à semelhança dos astros?
Vês a maneira como não existes?
Sê-me, pelo menos, metaforicamente."
"Agora o principezinho sentia-se tão irritado que até estava branco.
- As flores fabricam espinhos há muitos milhões de anos. Apesar disso, as ovelhas comem flores há muitos milhões de anos. E vens-me tu agora dizer que tentar perceber porque é que elas têm tanto trabalho a fabricar espinhos que nunca lhes servem para nada não é uma coisa séria! Que a guerra entre as ovelhas e as flores não é uma coisa importante! Não será uma coisa bem mais séria e bem mais importante do que as contas de um senhor muito gordo e muito encarnado? E se eu, eu que aqui estou à tua frente, conhecer uma flor única no mundo, uma flor que não existe em mais lado nenhum senão no meu planeta e que, numa manhã qualquer, uma ovelhinha pode reduzir num instante a nada, assim, sem sequer dar por isso, também não tem importância nenhuma, pois não? 
Corou, mas não se calou.
- Amar uma flor de que só há um exemplar em milhões e milhões de estrelas basta para uma pessoa se sentir feliz quando olha para elas. Porque pensa: "Ali está ela, lá no alto, a minha flor.." Mas se a ovelha comer a flor, para essa pessoa é como se as estrelas se apagassem todas de uma vez! Mas isso também não tem importância nenhuma, pois não?


Adeus - disse a raposa - Vou-te contar o tal segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos..."

7 de janeiro de 2015

"Este artigo podia falar sobre todas as doenças. Mas foca-se apenas nas oncológicas, pois quem diz o que não se deve dizer a alguém que tem cancro é Rachael Yahne, uma mulher que lutou e que sabe o esforço que é preciso fazer para sobreviver a esta doença. A lista é retirada do Huffington Post.

“Sinto muito”: “As pessoas que lutam contra o cancro não precisam da vossa pena. Não podemos controlar o seu aparecimento, mas sim a atitude com que o encaramos. (…) É nesta altura que aprendemos a ser mais fortes (…) Digam-nos que estão connosco, que estão a lutar connosco. Digam-nos que estão orgulhosos de nós, não que têm pena”, escreve a autora.

“Não podias ter feito nada para prevenir?”: Yahne afirma que algumas pessoas perguntaram-lhe se não podia ter comido melhor ou rezado mais. “Embora po
ssam achar que estas coisas podiam ter realmente ajudado, não o digam. Mantenham essas opiniões para vocês e interajam de uma forma positiva”.

“Se me acontecesse o mesmo, eu não fazia A, B ou C”: Há pessoas que dizem que se só tivessem um mês de vida partiam para uma aventura. “A minha pergunta é: Então porque é que não o fazes?”, questiona a autora. Há também quem ponha em causa as nossas escolhas, dizendo que não optava por este ou aquele tratamento. “Parece que me estão a criticar, que estão a criticar as escolhas que mudaram a minha vida. A quimioterapia é normalmente uma escolha de vida ou morte, não se trata de uma opinião”, afirma Yahne."
Não te iludas.
Nada do que poderás fazer hoje alterará o teu futuro.
O dia de amanhã será igual ao de ontem porque é igual ao de hoje.
Vive o presente, não penses no que poderás vir a fazer amanhã ou sequer nas coisas menos boas do ontem. Aproveita o dia. Aproveita o tempo que te deram. Aproveita a vida.
Podes dizer-me que esta é aborrecida, que não vale nada e que não há nada a fazer. E não há.
Mas é a lamentares-te que ela vai melhorar? É não dizer nada que ela vai melhorar? Também não. Então o que tens que fazer? Aquilo que todos nós nos esquecemos: viver. Vive o hoje como não houvesse amanhã e no dia seguinte recordarás o ontem para sempre. Claro que todos temos os nossos problemas e temos que nos queixar, faz parte da natureza humana queixarmo-nos. Queixar-nos por não termos doces numa mesa, queixarmo-nos por termos tantos doces que não sabemos qual escolher ou ainda queixarmo-nos porque tivemos que provar todos eles e ficámos mal-dispostos. Queixamo-nos. Só nos queixamos. Mas mudar?  Continuamos a lamentar o que se passou como isso tivesse influência no passado ou futuro. Só no presente a tem. Aborrecemos as pessoas em nosso redor, fazemos com que estas se queixem igualmente, perdemos tempo. Deixamos de viver.
Avancem e não se sintam presos ao passado por coisas menos boas.
Só vivendo o presente é que podemos tornar momentos comuns em dias inesquecíveis.
Nada do que fazem hoje poderá mudar o vosso futuro.
Mas podem tornar o dia de hoje no futuro que esperavam.

5 de janeiro de 2015




Repousa a tua mão sobre a minha e nunca mais viverás em monotonia.

Viveremos em aventura constante, daremos a volta ao mundo, não é isso que queres? Se não conseguirmos podemos viajar com a imaginação.
Baloiçar-te-ei nos tempos livres e nos ocupados, mesmo não tendo tu direito aos últimos.
Vou ocupar-te de mim.
Viveremos no meio do nada, livres da prisão do mundo que com algemas imaginárias nos prende.
Viver livre. Já imaginaste o que é?


Repousa a tua asa sobre a minha e voaremos juntos pelo mundo.
Conheceremos as cidades mais agitadas, o movimento que atrai os olhos e as cores que nos pintam a imaginação.

Apreciaremos as peças de arte que adornam as grutas do Homem.
Viveremos debaixo de terra só para apreciarmos melhor a luz do dia.

Visitaremos todos os túneis e desvendaremos todos os segredos entre beijos subterrados.



Agarra a tua mão à minha e conheceremos nova gente atarefada.
Tomaremos cada passo do mundo não dado num caminho nosso.

Não precisamos de os saber escutar para os ouvir. Falaremos uma língua só nossa.
A nossa língua.





Trocaremos palavras entre nós para que ninguém nos entenda.


Não dessas que se ouvem, refiro-me às conversas dos olhos.
Conversaremos em silêncio em cada esquina de uma rua nova, trocaremos frases escondidas que só nós percebemos.
Faremos trocas.
Dá-me a tua mão e trocaremos as nossas roupas pelas deles.
Vestiremos outras peles que não as nossas que estão pesadas e gastas. Queremos algo novo.
Uma peça de roupa única, sem  custos, a nossa pele despida.
Descobriremos os corpos um do outro na natureza ao nosso redor.
Passaremos por sítios banais para quem lá vive. Faremos deles únicos.
Não por estarmos lá, mas por estarmos juntos.
Admiraremos cada ponto de luz na noite escura, trocaremos momentos de ternura.
O que achas das luzes?
Agradam-te?

Repousa a tua mão na minha e buscaremos a inspiração dentro de nós. A energia  feroz que nos move. Caminharemos por ideais antigos através dos nossos sonhos desconhecidos.
Sonhamos juntos numa vida acordada.
Perdidos andaremos pelas estações de comboio, no meio de uma confusão deserta. Só nós dois importamos.
Falaremos a linguagem do toque.
Repousa a tua mão na minha.
Subiremos todas as pontes antigas, ouvindo as tradicionais cantigas um do outro. Cantamos mal, mas os ouvidos do amor só ouvem o que lhes interessa.
Não importa: ninguém percebe a nossa linguagem.
Remaremos para o meio do rio, sem destino. Seremos levados pelas correntes. Deixar-nos-emos ir esteja calor ou faça frio.
A loucura aquece.
Andaremos de gôndola numa cidade inundada pela sua magia.
Descansa a tua mão na minha e seremos crianças novamente.
Saltaremos ao soltar a alegria por nós empacotada quando tivemos que fazer as mudanças para a fase adulta.
Abusaremos de todas as diversões a que temos direito.
Brincaremos juntos.
Dá-me mão, e seremos adultos a fazerem-se crianças tantas vezes quantas as que tu quiseres. Não estás farta de ser uma criança a fazer-se passar por adulto?
Agarra-te bem, brincaremos às corridas nos corredores dos supermercados e, quando alguém nos chamar à atenção, fingiremos estar muito arrependidos para logo a seguir tornar a fazê-lo.
Colocar-te-ei a bóia mais ridícula que encontrar e seremos ridículos juntos. Divertir-nos-emos a atirar água um ao outro enquanto gritamos freneticamente palavras sem sentido ao ar da cidade.
Subiremos ao alto céu para contemplar o que cá em baixo não temos. Por mais ignóbil que seja, nada do que encontraremos lá em cima será novidade. Terra, mar, ar. Montanhas protegendo rios e árvores cercando pessoas. Não sabias que era assim?
Subiremos ao alto céu para contemplar o que cá em baixo temos:
A companhia um do outro, e como isso torna o mundo lá de baixo tão diferente.

 Prende-te à minha mão e levar-te-ei para o meio da selva.
 Lá, ouviremos o cantar da mais bela cascata, sentiremos a sombra da mais imponente árvore e comeremos os mais deliciosos frutos.
Grátis, como o sentimento.
Tomaremos banho nas águas límpidas e geladas para nos lavarmos da sociedade. Abraçamo-nos para nos sujarmos um do outro.



A cidade vai querer impedir-nos, gente invejosa.
Têm um padrão para ser cumprido e não aceitam que sejamos diferentes: Felizes.
Repousa a tua mão na minha,
Repousa a tua asa,
Agarra-a, descansa-a na minha,
Prende-a,
E não a deixarei levar.


4 de janeiro de 2015

“Words are, in my not-so-humble opinion, our most inexhaustible source of magic. Capable of both inflicting injury, and remedying it.”

Ando pelas ruas loucamente cansadas de Lisboa calcando os pensamentos despejados pelas pessoas da cidade. Encontro-as cada vez mais sujas. Não existem contentores próprios para colocar problemas? 
No meu caminhar tento desviar-me na tentativa de me esquivar de um ou outro.Acabo sempre por encontrar um monstro sobre os meus pés espreitando. 
"Outro que foi abandonado"

Resolvam-nos, não os abandonem para que qualquer um que passe lide com eles.
Quero uma cidade livre de problemas.

3 de janeiro de 2015


Seems I'm falling in the same deep hole,
Doing the same mistakes, again and again.
Why can not I understand?
I'm getting old.

They warned me, they told me to step back
Maybe my soul has a lack
I didn't listen, I didn't care.
"This time was different, I swear".



The hours are passing by,
Why? Why? Just asking...
whimper, sob, cry, lasting

I should have learnt how to avoid the darkness of a blurred mind,
to stop being so gentle and kind. Instead, I must
lay still and look around,
have my feet glued to the ground as I trust
The light in the darkness.







"Poesia é espremer a lágrima de cada letra,
beber o fogo de cada verso,
não ver os limites do seu canto imerso.
Poesia, é passar os olhos pela alma do outro,
tocando-a levemente, sentindo-a intensamente.
Vivendo-a.
Sentir a dor desconhecida, a dor de barriga, a raiva desmedida.
Porque nos sujeitamos à dor dos outros?
A nossa não nos chega?
Revemo-nos nela, é algo que nos aconchega:
Não sofrermos sós, termos uma ligação entre nós.
Poesia, é espremer a lágrima de cada letra.
É um rio navegado em conjunto."

2 de janeiro de 2015

"C'est le temps que tu as perdu pour ta rose qui fait ta rose si importante"
"Foi o tempo que perdeste com tua rosa que a fez tão importante."


"Corremos o risco de chorar um pouco quando nos deixamos cativar"
"Tu deviens responsable pour toujours de ce que tu as apprivoisé"
"Tu és eternamente responsável por aquilo que cativas"


"
And I'd give up forever to touch you
Cause I know that you feel me somehow
You're the closest to heaven that I'll ever be
And I don't want to go home right now

And all I can taste is this moment
And all I can breathe is your life
Cause sooner or later it's over
I just don't want to miss you tonight

And I don't want the world to see me
Cause I don't think that they'd understand
When everything's made to be broken
I just want you to know who I am

And you can't fight the tears that ain't coming
Or the moment of truth in your lies
When everything feels like the movies
Yeah you bleed just to know you're alive" 

1 de janeiro de 2015

"A felicidade são pequenos fragmentos de tempo, e hoje o meu durou muito.
O teu ar ensonado que te deixa baralhada confirma a tua pessoa.
Tanta coisa para descobrir; és uma pequena caixa que liberta segredos ao ser aberta.
És um puzzle. Encaixo cada nova peça com cuidado à medida que as vou encontrando.
Espero um dia ter uma imagem completa de ti."