27 de julho de 2015

Falam de portas que se abrem, portas que se fecham... Mas sabes que mais? As portas são sempre as mesmas, tem-las todas à tua frente todos os dias: umas fechadas, umas entreabertas e outras escancaradas. Umas reservadas, umas tímidas e outras convidativas. Umas que precisam de chave ou de um jeitinho especial para abrir, umas que precisam de um empurrãozinho e outras em que nem é preciso tocar. Mas são sempre, sempre as mesmas. E estão lá a tempo inteiro. A ti cabe-te só escolher quais abres e quais fechas.

Terás percebido, então, que cada porta é uma pessoa e que cada porta, enquanto tal, te conduz a um corredor, a uma nova divisão. Mais cheia, mais vazia... não interessa. Acolhe-te num espaço muito próprio, abraça-te e dá-te tudo o que por lá se encontra. Conduz-te a caminhos e por eles te dá aquilo que vai, aos poucos, enchendo e preenchendo a tua vida. Dá-te o mundo, enquanto o quiseres receber.

Porque as portas - e todos os mundos que encerram - são sempre feitas do mesmo material, do mesmo tecido e da mesma fibra, ainda que nem sempre olhes para elas da mesma forma. Ainda que num dia uma te pareça albergar o teu porto de abrigo e no seguinte te pareça a tua Highway to Hell. Mas desilude-te: a porta não muda, muda apenas a forma como tu a vês. A forma como a queres ver.

Mas sabes outra coisa? Não é o que queres ver que interessa. Não é por quereres o mundo inteiro que o vais ter. Porque sabes...? Não nasceste para vencer todas as guerras ou todas as batalhas. Nem tu, nem eu, nem ninguém. E por vezes, o melhor a fazer é aceitar isso mesmo. É aceitar que o céu não vai ficar cor-de-rosa porque te fartaste de o ter azul. Porque não vai mudar, por muito que isso te custe. É compreender que não vale a pena remar contra uma maré mais forte que nós. É perceber que o universo gira à volta de muita coisa, excepto de nós. É assumir que, por muito fortes que nos achemos, precisamos sempre de alguém ao nosso lado, mais cedo ou mais tarde, e que convém tê-lo por perto para nos salvaguardar.

O mundo não é o que queremos. As pessoas não são como queremos e muito menos são quem nós somos. Porque isso era viveres contigo próprio e se é esse o teu ideal de mundo e de vida, então acreditamos em coisas muito diferentes. Tens todas as portas à tua frente, todas as que sempre tiveste. Umas fechadas, umas entreabertas e outras escancaradas. Conselho de amigo: no teu lugar, procurava saber quais delas detêm aquilo que faria do meu mundo um mundo perfeito. Procurava saber quais delas devo deixar escancaradas, quais delas devo abrir e quais delas devo destrancar. Ou então em quais delas não devo tocar, de todo. Mas acima de tudo, tentaria perceber, cuidadosamente, quais delas não devo estragar. Que fechaduras não devo partir.

É que se, por teimosia, preconceito ou puro egocentrismo, insistires em achar que o nosso céu azul é mesmo cor-de-rosa, ou amarelo, ou preto, e que tudo o mais à tua volta se processa e desenrola como tu queres, talvez venhas a fechar definitivamente portas onde jamais vais entrar; talvez venhas a bloquear passagens e caminhos que, por mais pragas que lhes rogasses, eram aqueles que te levariam mais longe e que mais te preencheriam. Já alguém dizia que há portas que vêm para ficar e outras que apenas vêm para nos dar uma lição.
Portanto, dá uma lição a ti mesmo antes que as portas ta dêem. Vence-te e declara-te vencido, antes que o tempo, o mundo e a vida te vençam a ti. Inclina-te e aceita que não sabes tudo; admite, ainda que no teu mais profundo silêncio e a ti mesmo, que estás errado de certa forma. Seja ela qual for.

Levanta-te e mostra-te disposto a aprender.
Nessa altura, quando tirares os olhos de ti mesmo, talvez vejas o mundo como ele é e percebas a perfeição de cada porta, por trás de todas as suas imperfeições. Pode ser que escutes o coração de cada uma delas, o bater desenfreado de cada um desses conquistadores de sonhos, ao invés de escutares a tua melodia silenciosa. Ouve-os com atenção e percebe como gostas de os ouvir. Fecha os olhos e encontra-te, que de seguida encontrarás o verdadeiro caminho a seguir.

23 de julho de 2015

Estacionaste o carro no meu lugar e saíste tremendo e chorando, entre soluços, talvez com receio do que estava para vir. Quando nos sentámos frente a frente no mesmo sofá onde tudo começara dois anos antes, ambos percebemos o rumo que os próximos trinta minutos levariam. Mas nem assim doeu menos.

Xeque-mate. As tuas últimas palavras caíram como pedras em mim. Pedras de um mundo nosso ruindo ruidosamente dentro do meu peito. Oiço-as ainda, entoadas pela tua voz insegura: "Quero-te e quero querer-te, mas preciso de mim sem ti". Cada palavra um murro, atingindo-me repetidamente no estômago. Uma, duas, três... Dez. Dez palavras. Dez murros na fragilidade que crescia em mim a cada segundo. Dez murros que me arrancaram o ar dos pulmões e que te arrancaram de mim. Lia nos teus olhos, para lá das lágrimas, que baloiçavas timidamente entre o querer e o não querer, e todavia foi a indecisão que ditou a tua última cartada no nosso jogo a dois.

Percebi quando te levantaste e te vi sair pela porta, hesitante, que estavas a sair para sempre da minha vida; que levavas nos bolsos, entre as chaves de casa e os trocos do nosso último café, uma parte de mim.

Nunca mais me sentei naquele sofá.

19 de julho de 2015

Não te estaria a dizer nada de novo se te dissesse que conheces os meus pontos fracos.
Aqueles que me fazem os joelhos vacilar enquanto o prazer percorre o meu corpo.
Jogas com isso a teu favor quando me queres calado ou pretendes gozar comigo.
Dá-te gozo ver-me ter prazer.

A minha capacidade de me manter inexpressivo tem que ser trabalhada.
Nesses momentos, enquanto a minha mente rodopia, a fala cala-se.


Dito uma ordem de paragem que surte um efeito de recomendação.
Ele gosta de me desafiar a minha inabilidade para articular as palavras.

Quanto mais me desafia, mais sinto vontade de o abraçar. De o beijar. De o ter.
É-me difícil controlar e vontade não me falta.

A linguagem corporal e as suas acções são dúbias. Ora parece que sim, ora que não.
Não sei o que lhe vai na cabeça nem consigo ler os seus olhos penetrantes.
Mas sei o que sinto.

14 de julho de 2015

Quero fotografar cada recanto teu para mais tarde recordar. Saber o nome de cada rua e trata-las por tu.
Vou contar à próxima geração coisas que não lhes interessam.
Sei que o farei, não por eles, mas por mim, tal como a minha avó o faz.
Servir-me-á para recordar os tempos vividos, para voltar ao passado e nele ser feliz.
Fa-lo-ei para reforçar que tudo valeu a pena. E valeu!
Tudo o que vivi, valeu a pena. Teve uma razão e teve uma solução.
Hoje estou feliz. No futuro, contarei histórias.

11 de julho de 2015

«Sempre achei que o fim – o nosso fim – seria mais ou menos como atravessar uma nuvem a meio de uma viagem de avião.
Primeiro vem a turbulência; abana-nos no lugar e faz-nos tentar, inutilmente, agarrar a cadeira com mais força. Depois a agitação passa e não há mais nada. Só branco. Um branco que cega, um branco tão puro, que traz em si toda a luz do universo. E o silêncio – um silêncio quase óbvio, a condizer com a ausência de cor.
Mas não. Nem turbulência, nem branco, nem silêncio. Em vez disso, o nosso fim cheirou-me a Tejo e colou-se-me à pele. O nosso fim foi um passeio da Baixa ao Terreiro do Paço. Foi um fim cheio de multidão. Colorido como as festas de Lisboa e tão vivo, tão diferente, tão nosso.
Foi como se nos tivéssemos perdido um do outro no meio de um arraial, enquanto dançávamos. Sei que tu não danças e tu sabes que eu tenho vergonha de fazê-lo, mas foi mesmo assim que o senti – como uma dança interrompida no auge da festa.»

8 de julho de 2015

I must not fall. again
I will not crawl
I need to look away and avoid the light of day
Let me stay in the dark where I belong,
I was waiting for this for so long,
And now?
I must step back and hold my ground,
Cuz I was lost but now I'm found
Trying everyday to do my best,
To be a good friend and forget the rest.
It's to much for me, I don't feel free
I never do.
Fear of unknown is hiding the truth

7 de julho de 2015

"Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.


Ser feliz é encontrar força no perdão, esperanças nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros. É agradecer a Deus a cada minuto pelo milagre da vida.
Podemos vender nosso tempo, mas não podemos comprá-lo de volta.

O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis."






5 de julho de 2015

"Os braços baloiçam sobre o meu corpo petrificado.
A voz foge-me e deixa-me calado,
Deixa os meus olhos perdidos percorrem a sala,
Buscam o retorno temporário da minha fala,
O corpo tremido faz um esforço para se aguentar em pés cansados,
Os pensamentos arrastados voltam devagar,
A voz já está no lugar.
E o momento continua.
Numa calma aparente."