5 de janeiro de 2015




Repousa a tua mão sobre a minha e nunca mais viverás em monotonia.

Viveremos em aventura constante, daremos a volta ao mundo, não é isso que queres? Se não conseguirmos podemos viajar com a imaginação.
Baloiçar-te-ei nos tempos livres e nos ocupados, mesmo não tendo tu direito aos últimos.
Vou ocupar-te de mim.
Viveremos no meio do nada, livres da prisão do mundo que com algemas imaginárias nos prende.
Viver livre. Já imaginaste o que é?


Repousa a tua asa sobre a minha e voaremos juntos pelo mundo.
Conheceremos as cidades mais agitadas, o movimento que atrai os olhos e as cores que nos pintam a imaginação.

Apreciaremos as peças de arte que adornam as grutas do Homem.
Viveremos debaixo de terra só para apreciarmos melhor a luz do dia.

Visitaremos todos os túneis e desvendaremos todos os segredos entre beijos subterrados.



Agarra a tua mão à minha e conheceremos nova gente atarefada.
Tomaremos cada passo do mundo não dado num caminho nosso.

Não precisamos de os saber escutar para os ouvir. Falaremos uma língua só nossa.
A nossa língua.





Trocaremos palavras entre nós para que ninguém nos entenda.


Não dessas que se ouvem, refiro-me às conversas dos olhos.
Conversaremos em silêncio em cada esquina de uma rua nova, trocaremos frases escondidas que só nós percebemos.
Faremos trocas.
Dá-me a tua mão e trocaremos as nossas roupas pelas deles.
Vestiremos outras peles que não as nossas que estão pesadas e gastas. Queremos algo novo.
Uma peça de roupa única, sem  custos, a nossa pele despida.
Descobriremos os corpos um do outro na natureza ao nosso redor.
Passaremos por sítios banais para quem lá vive. Faremos deles únicos.
Não por estarmos lá, mas por estarmos juntos.
Admiraremos cada ponto de luz na noite escura, trocaremos momentos de ternura.
O que achas das luzes?
Agradam-te?

Repousa a tua mão na minha e buscaremos a inspiração dentro de nós. A energia  feroz que nos move. Caminharemos por ideais antigos através dos nossos sonhos desconhecidos.
Sonhamos juntos numa vida acordada.
Perdidos andaremos pelas estações de comboio, no meio de uma confusão deserta. Só nós dois importamos.
Falaremos a linguagem do toque.
Repousa a tua mão na minha.
Subiremos todas as pontes antigas, ouvindo as tradicionais cantigas um do outro. Cantamos mal, mas os ouvidos do amor só ouvem o que lhes interessa.
Não importa: ninguém percebe a nossa linguagem.
Remaremos para o meio do rio, sem destino. Seremos levados pelas correntes. Deixar-nos-emos ir esteja calor ou faça frio.
A loucura aquece.
Andaremos de gôndola numa cidade inundada pela sua magia.
Descansa a tua mão na minha e seremos crianças novamente.
Saltaremos ao soltar a alegria por nós empacotada quando tivemos que fazer as mudanças para a fase adulta.
Abusaremos de todas as diversões a que temos direito.
Brincaremos juntos.
Dá-me mão, e seremos adultos a fazerem-se crianças tantas vezes quantas as que tu quiseres. Não estás farta de ser uma criança a fazer-se passar por adulto?
Agarra-te bem, brincaremos às corridas nos corredores dos supermercados e, quando alguém nos chamar à atenção, fingiremos estar muito arrependidos para logo a seguir tornar a fazê-lo.
Colocar-te-ei a bóia mais ridícula que encontrar e seremos ridículos juntos. Divertir-nos-emos a atirar água um ao outro enquanto gritamos freneticamente palavras sem sentido ao ar da cidade.
Subiremos ao alto céu para contemplar o que cá em baixo não temos. Por mais ignóbil que seja, nada do que encontraremos lá em cima será novidade. Terra, mar, ar. Montanhas protegendo rios e árvores cercando pessoas. Não sabias que era assim?
Subiremos ao alto céu para contemplar o que cá em baixo temos:
A companhia um do outro, e como isso torna o mundo lá de baixo tão diferente.

 Prende-te à minha mão e levar-te-ei para o meio da selva.
 Lá, ouviremos o cantar da mais bela cascata, sentiremos a sombra da mais imponente árvore e comeremos os mais deliciosos frutos.
Grátis, como o sentimento.
Tomaremos banho nas águas límpidas e geladas para nos lavarmos da sociedade. Abraçamo-nos para nos sujarmos um do outro.



A cidade vai querer impedir-nos, gente invejosa.
Têm um padrão para ser cumprido e não aceitam que sejamos diferentes: Felizes.
Repousa a tua mão na minha,
Repousa a tua asa,
Agarra-a, descansa-a na minha,
Prende-a,
E não a deixarei levar.


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