8 de dezembro de 2014

É tarde.
Está escuro e não consigo adormecer.
Tudo está silencioso, mas o barulho da minha mente é ensurdecedor. Não o consigo abafar.
Em casos de insónia, tento apagar o pensamento.
Mas neste não consigo. Acabo por rasgar tudo menos o sonho.

Viro-me para o outro lado e tento adormecer.
O excesso de lucidez enlouquece-me, mas não aguento a falta de loucura dos outros.
Como é possível um pensamento gritar tão alto sendo afónico?

Tenho sede.
Bebo as palavras da boca da garrafa que guardo à cabeceira.
Hidratam-me.

Agarro-me com força à almofada.
Agarro-me ao sono que tenta fugir, prendo-me à noite que me amordaça.
Engulo os beijos pela boca da alma.

Não quero um sonho por encomenda.
Procuro um tempo para adormecer e alguém
que me abotoe os sentidos.

Tenho que descansar temporariamente de mim.




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