Sentia-se livre e fresco como gaivota planando num oceano, estava em casa.
A sua ligação com o mar ainda era considerada um mistério mas ele não o tentava resolver. Convencia-se que era coisa normal entre o povo português.
Inspirava fundo, tentando absorver todo aquele aroma já dele conhecido para mais tarde recordar.
Ao chegar, estendeu-se na toalha e aproveitou o que de falta sentia. O ar. O sol.
Inspirava fundo, tentando absorver todo aquele aroma já dele conhecido para mais tarde recordar.
Ao chegar, estendeu-se na toalha e aproveitou o que de falta sentia. O ar. O sol.
Aquele calor do final da tarde que não queima a pele mas que embala um sono superficial.
Sabe que a sua palidez não vence o mais fraco dos raios solares e por isso, com o nariz torcido, procurou na sua mochila o creme protector.
Nunca gostou dele. Sente-se pegajoso, sujo.
Mas hoje isso não importa. Até o cheiro que o remete à sensação odiada, é recebido com agrado.
Nunca gostou dele. Sente-se pegajoso, sujo.
Mas hoje isso não importa. Até o cheiro que o remete à sensação odiada, é recebido com agrado.
Tem o mar ali.
Antes sequer de se despir, de se deitar e aproveitar o sol, cumprimenta o mar no silêncio dos seus pensamentos. Toca-o. O mar responde entre soluços frios, não muito, já sentira beijos mais gelados.
Se ele é feliz? Não, penso que não. Ele não acredita em felicidade mas sim em momentos felizes. Crê que a felicidade é a soma de pequenos momentos; sejam eles semanas ou apenas efémeros segundos.
E por isso sorri. Sem razão ri-se; porque, como diz uma das passagens preferidas dele, "a felicidade pode ser encontrada mesmo nos momentos mais sombrios. Tudo que precisamos de fazer é lembrar-nos de acender a luz".
Ainda não conheceu nada mais luminoso que o sorriso.
Ainda não conheceu nada mais luminoso que o sorriso.
Em momentos felizes, voláteis, o tempo ganha asas tal como os nossos sonhos.
É hora de voltar.
Evita tirar todos os pedaços de praia que estão agarrados aos seus pertences numa tentativa ridícula de manter-se em felicidade.
Evita tirar todos os pedaços de praia que estão agarrados aos seus pertences numa tentativa ridícula de manter-se em felicidade.
No caminho de regresso, relembram-lhe que não podemos ter orgulho naquilo que não podemos escolher. Ele não pôde escolher ser português e no entanto sente um enorme Orgulho nisso.
Enquanto olha pela janela, agradece novamente ao mar por tudo o que iluminou.